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quarta-feira, 27 de julho de 2011

CALVINISMO-parte 4

                        Diferença de ênfase ou de conteúdo?


    Esses cinco pontos da doutrina calvinista formulados em contrapartida às posições arminianas representam fielmente a posição reformada histórica. Deve-se enfatizar, entretanto, que o calvinismo não se confina a essas doutrinas. O calvinismo é um sistema doutrinário bem mais amplo, harmônico, sistemático e, consequentemente, mais sólido. É um sistema teológico fundamentado nos princípios exegéticos mais sadios e aprovados ao longo da História da Igreja. O calvinismo fundamenta-se nas doutrinas da inspiração verbal, da inerrância, da suficiência e da autoridade final e absoluta das Escrituras como regra de fé e de prática. É um sistema doutrinário que coloca o Deus eterno à frente de todas as coisas e que contempla tudo em relação à glória de Deus. O calvinismo está interessado em reconhecer plenamente a majestade, a soberania, a independência, a onisciência, a onipotência, a onipresença, a santidade, a fidelidade, a justiça, a bondade, a longanimidade, o amor, a misericórdia e os demais atributos de Deus, tributando a ele toda virtude, honra, glória, louvor e adoração só a ele devidos. John Wesley reconheceu a ênfase calvinista quando afirmou, com relação a Whitefield, por ocasião do seu funeral: "seu ponto fundamental era dar a Deus toda a glória de tudo o que de bom pode haver no homem. No que diz respeito à salvação, ele colocou Cristo o mais alto possível e o homem o mais baixo."
    A diferença entre o calvinismo e o arminianismo é mais profunda do que pode parecer à primeira vista. Não é simplesmente uma questão de ênfase, e sim de conteúdo. O calvinismo crê em um Deus que realmente salva, enquanto que o arminianismo crê em um Deus que possibilita que o homem se salve. O calvinista crê em um Deus que elege de fato; o arminiano crê em um Deus que apenas ratifica a decisão humana por Cristo. O calvinista Crê em um Redentor que objetivamente redime; o arminiano crê em um Redentor em potencial, que apenas viabiliza a redenção do mundo. O calvinista crê em um Espírito Santo que chama os indivíduos soberana e eficazmente; o arminiano crê em um Espírito Santo que apenas persuade moralmente, mas que pode ser resistido.
     A diferença, portanto, entre esses dois sistemas teológicos não é meramente adjetiva, mas substantiva. Isto é, o problema não está em que ambos creiam que as doutrinas da queda, da eleição, da expiação, da graça e da salvação têm a mesma natureza, diferindo apenas na extensão. A dificuldade não está na questão da queda ser maior ou menor, da eleição ser condicional ou incondicional, da expiação ser limitada ou ilimitada, da graça ser resistível ou irresistível, ou da salvação ser estável. O problema maior não está na extensão, mas na natureza dessas doutrinas. A dificuldade real é que, conforme entendemos, no arminianismo a queda não é queda, a eleição não é eleição, a expiação não é expiação, a graça não é graça, e a salvação não é salvação. Essas doutrinas, conforme enunciadas pelo arminianismo, não correspondem às doutrinas que cremos com esses nomes.
    A Queda, segundo os arminianos, produziu escoriações e ferimentos espirituais sérios no homem, deixou-o ferido ao ponto de precisar ser levado para um hospital. Quem sabe, até se lhe quebraram alguns ossos e alguns de seus órgãos espirituais importantes foram afetados. Não obstante, para os arminianos, a queda não passou de um acidente. Para os calvinistas, entretanto, a queda não foi um mero acidente, foi uma tragédia tão grave que inutilizou espiritualmente o homem. Foi uma precipitação em um abismo tão profundo que resultou em nada menos que na sua morte e de toda a raça humana. O homem espatifou-se espiritualmente, suas entranhas espirituais se despedaçaram, e ele morreu instantaneamente. A diferença entre um ferido e um morto não é apenas questão de ênfase!


    Para os arminianos, a eleição não é um ato livre do Deus que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade soberana; é, na realidade, uma resolução de receber aqueles que, conforme o conselho de suas próprias vontades livres e soberanas, vierem a Deus. "Enquanto o arminiano diz: 'Devo minha eleição a minha fé', o calvinista diz: 'Devo a minha fé à minha eleição". Decididamente, não estamos falando da mesma coisa.


    No que diz respeito à expiação, para os arminianos a obra da redenção realizada por Cristo na cruz tem por objetivo apenas satisfazer a justiça de Deus e remover, potencialmente, o pecado do mundo, o qual é um obstáculo à redenção do homem. Sendo assim, a redenção não redime ninguém, apenas permite que os homens sejam redimidos pela fé em Cristo. Nenhum arminiano pode dizer:" quando Cristo morreu na cruz do Calvário, ele morreu por mim, em meu lugar, pagando os meus pecados individuais ". Ao declararem que Cristo morreu por todos, na verdade, eles estão dizendo que Cristo não morreu por ninguém especificamente. "Enquanto os arminianos dizem: 'Eu não poderia ter obtido a minha salvação sem o Calvário', os calvinistas asseveram: 'Cristo obteve para mim a minha salvação no Calvário". A diferença entre esses conceitos não é apenas de ênfase, mas de conteúdo. Na expiação segundo o arminianismo, Cristo é apenas o instrumento, o meio, mas não o autor da salvação do seu povo.


    Com relação à graça salvadora, para os arminianos ela não passa de uma persuasão moral, de uma influência geral do Espírito Santo, por meio da qual as verdades divinas passam a ser compreendidas e o homem é convencido do pecado. Para os calvinistas, entretanto, a graça de Deus na salvação vai muito além do propósito de iluminar e convencer o homem do pecado. Ela tem poder regenerador. Ela o transforma em nova criatura. Os calvinistas definem a graça de Deus como um favor real, verdadeiro e totalmente imerecido, independente das qualificações do objeto. Ela não é passiva, mas age ativamente no homem, de modo que, atuando em sua mente, sentimento e vontade, vence a sua resistência pecaminosa.


    Quanto à salvação, os arminianos sustentam que o salvo pode perdê-la. Isto é coerente. Visto que, segundo eles, a queda não corrompeu totalmente a vontade do homem, de modo que a expiação, a eleição e a graça de Deus dependem da sua decisão, é natural que eles concebam a salvação como algo instável, de maneira que a perseverança do salvo neste estado também dependa da sua vontade. No entanto, se nem mesmo a vontade de Adão no estado de inocência em que se encontrava foi suficientemente firme para sustentá-lo naquele estado, que dizer da vontade corrompida do homem em estado de pecado? O conceito de salvação que os calvinistas sustentam é ainda mais coerente. Crendo que a vontade do homem corrompeu-se totalmente, e que a eleição, a expiação e o chamado do Espírito Santo são obras da pura graça de Deus, fundamentada unicamente no seu amor soberano, o calvinista assegura que a salvação é eterna, que Deus não muda os seus propósitos, e que glorificará a todos os seus eleitos.


                      A ESSÊNCIA DO CALVINISMO


                                                         continua...


Fonte:calvinismo, as antigas doutrinas da graça. Paulo Anglada

sábado, 23 de julho de 2011

CALVINISMO-parte 3

          Os cinco pontos do Arminianismo e do Calvinismo


    Qual foi a síntese da declaração de fé arminiana, e qual foi a síntese da doutrina reformada que ficou conhecida como os cinco pontos do calvinismo? Em outras palavras, quais foram as doutrinas reformadas que os arminianos queriam alterar, mas que foram confirmadas no Sínodo de Dort?


1- Uma das doutrinas fundamentais questionadas foi a doutrina da queda. Mais especificamente a natureza da corrupção que a queda produziu no coração do homem. Até onde o pecado corrompeu a vontade humana no que diz respeito a salvação? O arminianismo defende o livre-arbítrio. Segundo eles, o homem em seu estado natural tem, em si próprio, a capacidade para responder negativamente ou positivamente ao evangelho. A queda não o deixou totalmente incapacitado para escolher no que diz respeito às questões espirituais. Mesmo em estado de pecado, sem uma operação prévia do Espírito Santo, ele pode cooperar com fé e arrependimento próprios. A corrupção espiritual produzida pela queda, portanto, para os arminianos, foi apenas parcial.


    O calvinismo sustenta o oposto. Sustenta que, depois da queda, o homem não tem mais livre-arbítrio. Ele continua responsável, pois o estado de pecado em que se encontra foi decorrente da sua livre decisão no Éden. Contudo, agora, em estado de pecado, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado que o cegou, impedindo-o de discernir e, consequentemente, de decidir positivamente, por si próprio, em questões espirituais vitais para a salvação. Sustenta, ainda, que a corrupção espiritual produzida pela queda foi de tal ordem, que o homem tornou-se morto nos seus pecados e delitos. Consequentemente, para o calvinista, o homem não precisa apenas de justificação, mas também de vivificação. Ele precisa ser primeiramente regenerado pelo Espírito Santo de Deus para que então, e somente então, ele possa ser convencido do pecado, se arrependa e seja iluminado para crer no evangelho da salvação. Para os calvinistas, a queda foi realmente uma queda, e não um tropeço ou um escorregão sem maiores consequências.


2- Outra doutrina rejeitada pelos arminianos foi a doutrina da eleição. O arminianismo crê na eleição condicional; na eleição baseada na presciência de Deus. Ele crê que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles a quem anteviu que se arrependeriam e creriam no evangelho. Trata-se, portanto, de uma eleição condicional - a condição é o arrependimento e a fé. Ou seja, Deus elege aqueles a quem previu que o elegeriam.


    O calvinismo, por sua vez , crê na eleição incondicional. Crê que a escolha de alguns homens para a santidade e para a vida não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento, mas unicamente no amor de Deus como expressão da sua livre e soberana vontade. Para os calvinistas, a fé e o arrependimento não são condições para a eleição, e sim seu resultado, o meio que Deus escolhe para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque antevê arrependimento e fé. Ele comunica arrependimento e fé porque elegeu.


3- Outro item da representação arminiana dizia respeito à doutrina da expiação. As escrituras afirmam que Cristo nos resgatou do pecado morrendo na cruz em nosso lugar, o justo pelo injusto. Pois bem, por quem Cristo morreu? O arminiano crê na expiação geral, na redenção universal, ou seja, que Cristo morreu na cruz por todos os  seres humanos indistintamente. Ele crê que a expiação de Cristo não foi individual, mas sim potencial. Cristo não morreu na cruz em substituição a cada um dos  eleitos individualmente, e sim de modo geral, por toda a raça humana, permitindo, assim, que Deus perdoasse os pecados daqueles que viessem a crer nele. Desse modo, a doutrina arminiana da expiação apenas tornou possível a salvação de todos, mas não assegurou a salvação de ninguém.
potencialmente
    Já o calvinismo crê na expiação limitada de Cristo. Isto não quer dizer que a expiação de Cristo não seja suficiente para a salvação do mundo inteiro. Quer dizer, sim, que ela foi eficiente apenas para a salvação dos eleitos, pois esse foi o seu propósito. Cristo morreu na cruz não apenas potencialmente, mas em substituição verdadeira e individual aos eleitos. O calvinismo não entende que Cristo veio ao mundo apenas para possibilitar a redenção (de todos), mas para efetivamente redimir (os eleitos) através da sua morte vicária e expiatória na cruz. A expiação não é potencial e geral. É real e pessoal.


4- O item seguinte da representação arminiana estava relacionado à doutrina da graça, à natureza da graça de Deus em alcançar os pecadores, à eficácia do chamado de Deus, à soberania do Espírito Santo na aplicação da obra da redenção. O arminianismo acredita na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça  de Deus o alcance, ou que pode resistir a ela. Ele acredita que a aplicação da redenção ao coração dos pecadores não é obra soberana do Espírito Santo, mas depende da vontade livre do homem, a qual pode submeter-se ou resistir à graça de Deus. Os redimidos não são aqueles a quem Deus eficazmente chamou, mas aqueles que decidiram aceitar o apelo geral e indistinto do Espírito.


    Os calvinistas crêem na graça irresistível, na soberania de Deus em aplicar a redenção ao coração dos eleitos, no chamado eficaz  de Deus para a salvação. Os calvinistas sustentam que o que faz alguns submeterem-se  e outros rejeitarem a vontade de Deus é, em última instância, a graça irresistível de Deus em chamar eficazmente os seus eleitos para a salvação. Eles sustentam também que a ação de Deus no coração dos seus eleitos não poderá ser finalmente resistida. Isso não significa que os pecadores serão convertidos à força, mas que suas vontades serão eficazmente convencidas; eles serão levados ao arrependimento e crerão no evangelho, de modo que acabarão respondendo positivamente ao chamado do Espírito Santo. Os calvinistas crêem que a ação do Espírito Santo no coração dos eleitos é invencível, que a graça de Deus para com eles é irresistível, e que os propósitos de Deus na eleição e a obra de Cristo na expiação serão efetivamente aplicados neles pelo Espírito Santo. Em outras palavras, os calvinistas crêem que a quem Deus elegeu, a estes também chamou, e a estes também justificou. Portanto, não existe um eleito que não seja chamado, e não há quem tenha sido chamado, que não venha a ser justificado.


5- O quinto e último ponto da doutrina calvinista atacado pelos arminianos estava relacionado à doutrina da salvação. Melhor, à perseverança na salvação: a durabilidade, certeza, consumação ou eternidade da salvação. Os arminianos crêem na instabilidade da salvação, isto é, que ela pode durar ou não, dependendo da própria determinação humana. Essa idéia é coerente com as demais doutrinas arminianas. Se a salvação depende do livre-arbítrio, é de se esperar que a glorificação também dependa da determinação da vontade humana. Consequentemente, eles crêem que o salvo pode decair da graça, pode efetiva e definitivamente apartar-se da graça  de Deus se não permanecer na fé. Em outras palavras, para os arminianos é possível ser salvo hoje e perder a salvação amanhã. Eles crêem na não regeneração e na "desregeneração".


    Os calvinistas ensinam o oposto: a perseverança dos santos. Desse modo, ensinam que a mesma graça de Deus que os salvou agirá eficazmente nas suas vidas, de modo que não poderão cair total e finalmente da graça de Deus. O calvinista professa que a justificação, a regeneração e a adoção são obras irreversíveis; que já não pode mais haver condenação para os que estão em Cristo Jesus. Ele crê que, havendo Deus começado essa boa obra, ele certamente haverá de completá-la. por essa razão, portanto, não há justificado que não virá a ser glorificado. Isso não quer dizer, de modo algum, que o salvo não mais cometa pecado, mas que Deus, sendo fiel, não permitirá que os seus eleitos sejam tentados além das suas forças e que lhes concederá o auxílio necessário a fim de que possam resistir às tentações, e não venham jamais a se apartar completa e definitivamente da sua graça.


                    Diferença de ênfase ou de conteúdo?




                                                                                                         continua...




Fonte:calvinismo, as antigas doutrinas da graça. Paulo Anglada



quinta-feira, 21 de julho de 2011

CALVINISMO- parte 2

                 Histórico dos cinco pontos do calvinismo           

A doutrina calvinista tornou-se mais amplamente conhecida pelo que se convencionou chamar de Os Cinco Pontos do calvinismo. Em que circunstâncias esta síntese das doutrinas reformadas foram estabelecidas?


    No final do século XVI, a moral estrita e a teologia precisa do calvinismo de Genebra suscitaram reação por parte de alguns eruditos na Holanda, "onde as tradições humanistas não haviam morrido e o anabatismo estava difundido." Avessos a definições doutrinárias precisas, essa corrente de pensamento tornou-se conhecida por seu representante mais famoso, um professor da Universidade de Leyden, de nome Jacó Arminius (1560-1609), o qual questionou algumas das doutrinas centrais amplamente aceitas, então, pelas igrejas protestantes.

    Com a morte de Arminius, seus discípulos sistematizaram e desenvolveram as suas doutrinas, em oposição à precisão doutrinária   buscada na época, pois consideravam, como observa Walker, "o cristianismo primeiramente uma força de transformação moral." Em 1610, cerca de quarenta simpatizantes das idéias de Arminius redigiram uma declaração de fé conhecida como The Remonstrance (A representação). A representação foi condenada por um sínodo nacional, o Sínodo de Dort, que contou com representantes não só dos Países Baixos, mas também de outros países, como Inglaterra e a Suiça, os quais se reuniram durante seis meses, de novembro de 1618 a maio de 1619.

    Os assim chamados Cinco Pontos da Calvinismo são uma síntese da doutrina reformada, formulada em contraposição ao que podemos chamar de Os Cinco Pontos da Arminianismo, condenados pelo Sínodo de Dort. É neste contexto que esta síntese da doutrina reformada deve ser compreendida. 


                     
                    OS CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO
                                     E DO CALVINISMO


                                                                    continua...
Fonte:calvinismo,as antigas doutrinas da graça.Paulo Anglada

quarta-feira, 20 de julho de 2011

CALVINISMO- parte 1

                         O que é o calvinismo?


     Há pouco mais de um século, mais precisamente no dia 31 de janeiro de 1892, faleceu Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, um dos maiores conquistadores de almas que o mundo já viu e ouviu. O que ele pregava? Que ele mesmo responda: "a velha verdade que Calvino pregava, que Agostinho pregava, que Paulo pregava é a verdade que tenho que pregar hoje, ou, do contrário, serei falso para com a minha consciência e para com o meu Deus... O evangelho de John Knox é o meu evangelho." "Meu labor diário", declara Spurgeon, "é reavivar as velhas doutrinas de Gill, Owen, Calvino, Agostinho e Cristo."
     
     Conforme observou um contemporâneo seu, Spurgeon viveu em dias em que prevalecia uma evidente aversão e desagrado para com o calvinismo. Era uma época em que "muitos eram unânimes em afirmar que a teologia de Spurgeon era desapropriada para as necessidades e espírito dos tempos modernos." Ainda assim, o mais notável pregador do século dezenove não hesitava em declarar que não concebia pregação do evangelho que não fosse calvinista:

     Minha opinião pessoal é que não há pregação de Cristo e este crucificado, a menos que se pregue aquilo que atualmente se chama calvinismo. É cognome chamar isso de calvinismo; pois calvinismo é o evangelho e nada mais. Não creio que possamos pregar o evangelho... a menos que preguemos a soberania de Deus em sua dispensação da graça; e também a menos que exaltemos o amor eletivo, imutável, eterno, inalterável e conquistador de Jeová; como também não penso que podemos pregar o evangelho a menos que o alicercemos sobre a redenção especial e particular do seu povo eleito e escolhido, a qual Cristo realizou na cruz; e também não posso compreender um evangelho que permite que os santos apostatem depois de haverem sido chamados.


     O que é, portanto, o calvinismo? Que sistema doutrinário é este que tornou-se conhecido pelo nome do grande reformador francês do século XVI? Qual é a sua essência? Quais as suas declarações principais? Quais as objeções feitas a ele? Qual é a sua história? Ele faz justiça à revelação bíblica? Essas são as questões que procurarei responder nesse livro.


     O termo empregado para identificar as doutrinas a que Spurgeon se refere não é muito apropriado. Não porque não corresponda às doutrinas ensinadas por João Calvino, mas porque, na realidade, essas doutrinas não são subscritas apenas por ele. O calvinismo é  uma síntese das doutrinas dos reformadores, as quais, por sua vez, consistem na redescoberta da pregação apostólica do evangelho bíblico, também professadas na maioria das confissões de fé protestantes. O calvinismo deve ser definido, portanto, como consistindo puramente nas antigas doutrinas da graça. As confissões de fé das igrejas Luterana, Reformada, Presbiteriana, Anglicana, Congregacional e Batista professam, todas elas, ao menos em suas confissões de fé originais, o mesmo sistema doutrinário conhecido como calvinismo.


     O evangelho, conforme crido e proclamado pelo calvinismo, é o evangelho do Senhor Jesus, do apóstolo Paulo, de Agostinho, de Lutero, de Calvino, de Tyndade, de Latimer, de John Knox, de Parkins, de John Bunyan, de Owen, de Charnock, de Thomas Goodwin, de Flavel, de Watson, de Matthew Henry, de Watts, de Jonathan Edwards, de Whitefield, de Newton, de Toplady, de Daniel Rowlands, de Spurgeon, de Ryle, de Lloyd-Jones, de Packer, e de outros milhares que engrossam a nuvem de testemunhas dos mais fiéis, piedosos e operosos servos de Deus. Podemos estar certos de que aqueles que professam o calvinismo encontram-se em excelente companhia.
     Confio a palavra novamente a Spurgeon, o qual, ao pregar sobre a eleição - uma das doutrinas chave do calvinismo - declarou:


     Não estou pregando aqui nenhuma novidade; nenhuma doutrina nova. Gosto imensamente de proclamar essas antigas e vigorosas doutrinas que são conhecidas pelo cognome de calvinismo, e que, por certo, e verdadeiramente, são a verdade de Deus, a qual nos foi revelada em Jesus Cristo. Por meio dessa verdade da eleição, faço uma peregrinação ao passado, e, enquanto prossigo, contemplo pai após pai da Igreja, confessor após confessor, mártir após mártir levantarem-se e virem apertar minha mão. Se eu fosse um defensor do pelagianismo, ou acreditasse na doutrina do livre-arbítrio humano, então eu teria de prosseguir sozinho por séculos e mais séculos em minha peregrinação ao passado. Aqui e acolá algum herege, de caráter não muito honrado, talvez se levantasse e me chamasse de irmão. Entretanto, aceitando como aceito essas realidades espirituais como padrão da minha fé, contemplo a pátria dos antigos crentes povoada por numerosíssimos irmãos; posso contemplar multidões que professam as mesmas verdades que defendo.


                      
                           Histórico dos cinco pontos
                                      do calvinismo


                                                                        continua...
Fonte:calvinismo,as antigas doutrinas da graça.Paulo Anglada

terça-feira, 19 de julho de 2011

Uma Defesa Do Calvinismo: Por C.H. Spurgeon




Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) foi Ministro Batista, Pastor (1854-1892) da Igreja Batista de New Park Street (Londres, Inglaterra), conhecido a partir de 1861 como o Tabernáculo Metropolitano. Fundou e presidiu a Escola de Pastores.
É uma ótima coisa começarmos nossa vida cristã crendo em boa e sólida doutrina. Algumas pessoas recebem tantos ''evangelhos'' diferentes ao longo de suas vidas que é difícil prever quantos mais receberão até o fim de suas jornadas.
Eu dou graças a Deus por Ele ter me ensinado o Evangelho de uma só vez, e eu tenho estado tão satisfeito com ele que não quero conhecer nenhum ''outro.'' Uma Troca Constante de Credo é um Prejuízo Seguro
Quando mudamos constantemente nossos princípios doutrinais, tornamo-nos inaptos a trazer muitos frutos para glória de Deus. É bom que os novos crentes comecem agarrando-se firmemente àquelas grandes doutrinas fundamentais que o Senhor nos tem ensinado em sua Palavra. Se eu cresse no que alguns pregam sobre uma salvação temporal e de pouco valor, que somente permanece por um tempo, dificilmente eu seria totalmente agradecido a Ele; mas, ao saber que aqueles que Ele salvou, ele os salvou com uma salvação eterna, ao saber que ele os deu uma justiça eterna, ao saber que Ele os assentou em um fundamento eterno de amor infindo, e que Ele nos levará a Seu Reino eterno. Oh! Logo me maravilho e me assombro de que tal benção tenha sido dada a mim!
Suponho que haja algumas pessoas cujos pensamentos se inclinam naturalmente à doutrina do livre-arbítrio. Eu somente posso dizer que os meus se inclinam mui naturalmente às doutrinas da graça soberana.
Às vezes vejo os piores tipos na rua, e sinto como se o meu coração fosse transbordar de lágrimas de gratidão por Deus nunca ter me deixado agir como eles têm agido! Tenho pensado, se Deus me tivesse deixado só, e não houvesse me tocado com sua graça, que grande pecador eu teria sido! Eu sinto que eu teria sido o rei dos pecadores, se Deus tivesse me deixado só. Eu não posso compreender porque eu sou salvo a não ser pelo fundamento de que Deus assim o quis. Eu não posso, por mais seriamente que busque, descobrir qualquer razão em mim mesmo para ser um participante da graça de Deus. Se neste momento eu não estou sem Cristo, é tão somente porque Cristo me quer com Ele, e Sua vontade é que eu esteja com Ele onde quer que ele esteja e que eu participe de sua glória.
Eu não comecei minha vida espiritual - não! Antes dava patadas, e lutava contra as coisas do Espírito(...) havia um ódio natural em minha alma contra tudo o que é bom e santo. As advertências eram jogadas ao vento, quanto ao sussurro do Seu amor, eram rejeitados como sendo menos que nada e vaidade. Mas, agora estou seguro e posso dizer: ''Somente Ele é a minha salvação.'' Foi ele quem transformou o meu coração e dobrou os meus joelhos diante d 'Ele.
Uma noite por semana, sentado na casa de Deus, não estava prestando muita atenção à pregação porque eu não cria. Um pensamento entretanto me impressionou: Como eu vim a ser um cristão? Eu busquei ao Senhor. Mas ! Como eu vim buscar ao Senhor? A verdade relampejou através de minha mente em um momento. Eu não o teria buscado sem que uma influência prévia em meu pensamento não tivesse me levado a isso. Eu orei ! pensei ! mas logo me perguntei ! como vim a orar? Fui induzido a orar pelas Escrituras, mas como eu vim a ler as Escrituras? Sim, eu as li, mas o que me levou a fazê-lo? Logo vi que Deus estava por trás disso e que Ele era o autor da minha fé! (...) Hoje desejo fazer minha imutável confissão ! ''Eu atribuo minha transformação inteiramente à Deus'!''
Uma vez assisti a um pregador arminiano e Ele dizia: ''(...) não necessitamos que alguma inteligência superior, ou que um ser poderoso escolha por nós entre o céu e o inferno, nos tem sido dado meios e sabedoria suficiente para que julguemos por nós mesmos.'' ? e portanto como ele logicamente infere, não há nenhuma necessidade que Jesus ou qualquer outro faça uma escolha por nós. Isso é deixado ao nosso livre-arbítrio, podemos escolher a nossa herança sem nenhuma assistência. Ah!, pensava eu, ''mas, meu bom irmão, poderá ser muito certo que possamos, mas penso que precisamos de algo mais além do sentido comum antes possamos escolher acertadamente''.
Primeiramente deixe-me perguntar ! não temos todos nós que admitir uma providência soberana e a mão de Deus, quanto aos meios pelos quais entramos neste mundo? Àqueles que pensam que depois somos deixados a nosso próprio livre-arbítrio para escolher isto ou aquilo ao dirigirmos nossos passos, têm que admitir que a nossa entrada neste mundo não era de nossa própria vontade, mas sim que Deus teve que escolher por nós. Tínhamos qualquer coisa a ver com isso? (...) Não foi Deus mesmo quem determinou quem seriam nossos pais e onde nasceríamos? (...) Não poderia Ele ter me feito nascer num lar pagão onde teriam me ensinado a prostrar-me diante de falsos deuses, tão facilmente quanto como dar-me uma mãe piedosa, que cada manhã e noite dobrasse os seus joelhos e orasse em meu favor, ou não poderia Ele, se assim o quisesse ter me dado um pai libertino, de cujos lábios desde cedo eu tivesse ouvido palavras obscenas, sujas e terríveis (...) Não foi graças a providência de Deus que tenho uma sorte tão feliz, que meus pais eram Seus filhos, e trataram de criar-me no temor do Senhor?
(...) Muito antes de a luz relampejar pelo céu, Deus amou suas criaturas escolhidas. Antes que houvesse um só ser criado. (...) quando nem mesmo o espaço existia, quando não havia nada senão somente Deus ! ainda então ! nesta solidão divina, em meio ao silêncio profundo, Suas entranhas se moviam com amor para Seus eleitos. Seus nomes eram escritos em Seu coração (...) Jesus amava o Seu povo desde antes da fundação do mundo ! ainda desde a eternidade! E, quando Ele me chamou pela Sua graça, Ele me disse ! ''Com amor eterno te tenho amado; portanto te suportei com misericórdia.''
Desde a plenitude dos tempos, ele me comprou com o Seu sangue; Ele deixou Seu coração escorrer em uma ferida aberta e profunda por mim muito antes que eu O amasse. Quando Ele tocou na porta e pediu entrada, não O deixei do lado de fora e fiz pouco com a Sua graça? Eu freqüentemente agi assim até que por fim, pelo poder de Sua graça eficaz, Ele disse: ''Eu devo! Eu entrarei! '' e então Ele tomou o meu coração e fez com que eu O amasse. Mas ainda assim eu teria resistido se não fosse o poder de Sua graça eficaz. Bem, já que Ele me comprou quando eu estava morto em delitos e pecados não é lógico o fato de que Ele me havia amado primeiro? Morreu meu Salvador porque eu cria n'Ele? Não, porque até então eu não existia (...). Portanto ! podia o Salvador ter morrido por quem tinha fé mesmo antes de haver nascido? Poderia isso ser possível? Poderia ter sido essa a origem do amor de Deus por mim? Ah! não! meu Salvador morreu por mim muito antes que eu cresse. Mas ! diria alguém ! Ele previu que tu terias fé; e portanto te amou. Que foi que ele previu da minha fé? Previu que eu haveria de ter fé de mim mesmo? Não, Cristo não poderia ter previsto isso, porque nenhum cristão, em tempo algum ousaria dizer que a sua fé vem de si mesmo sem o dom e a obra do Espírito Santo. Ninguém pode dizer: ''Eu vim a Deus sem a ajuda do Espírito Santo''
(...) Quando Deus entra em um pacto com um homem pecador, ele (isto é, o homem) é uma criatura tão ofensiva, que isso tem de ser feito através de um ato de pura graça soberana, rica e livre. Quando o Senhor entrou em um pacto comigo, eu tenho certeza que foi totalmente pela graça, nada além da Sua graça. Quando lembro como e quem eu era, quão obstinado e irregenerado era o meu caráter quão rebelde era contra a soberania de Deus, sempre me sento no lugar mais humilde na casa de meu Pai, e, quando entrar no Céu, serei o menor dos santos, e entrarei como o primeiro dos pecadores. >>
(...) ''Somente Ele é a rocha da minha salvação'' - Diga-me qualquer coisa contrária à esta verdade, e será uma heresia. (...) Qual é a heresia de Roma (Igreja Católica Romana) senão a adição de algo mais aos méritos perfeitos de Cristo, trazendo as obras da carne para auxiliar em nossa justificação? E qual é a heresia do Arminianismo, senão a adição de algo mais à obra do Redentor? (...) Eu tenho minha própria opinião de que não há como pregarmos à Cristo e este crucificado se não pregarmos o que hoje chamamos de Calvinismo. (...) O Calvinismo é o Evangelho e nada mais. Eu não creio que podemos pregar o Evangelho, se não pregarmos a justificação pela fé, sem obras, nem tampouco se não exaltarmos o amor triunfante, eterno e imutável de Deus; muito menos se não o basearmos na redenção particular e especial de seu povo eleito que Cristo salvou sobre a cruz; nem posso compreender um Evangelho que permite aos santos perderem-se depois de haverem sido chamados, e que permite aos filhos de Deus serem consumidos no fogo do inferno depois de haverem crido em Cristo. Tal ''evangelho'' eu abomino. >>
(...) Se um só dentre os santos de Deus houvesse se perdido, então todos poderiam perder-se também, e então não há nenhuma promessa verdadeira no Evangelho e a Bíblia é uma mentira e não há nada digno de confiança nela. Se Deus uma vez me amou, então Ele me amará para sempre! (...) Isso será feito ! Ele diz ? Este é o meu propósito (...) e está firme, nem a terra, nem o inferno podem alterar. "'Este é o meu decreto. Nada pode alterá-lo nem anjos, nem demônios, haja o que houver" ! o Seu decreto permanecerá para sempre! Ele é Todo-Poderoso e, portanto pode cumprir toda a Sua vontade.
Nós, meros homens, insetos rastejantes, poderíamos mudar nossos planos, mas Ele nunca! Nunca mudará os Seus. Se Ele me tem dito que o Seu plano é salvar-me então eu sou salvo para sempre! Eu não sei como algumas pessoas que crêem que um cristão pode cair da graça, pretendem ser felizes. Deve haver algo muito recomendável neles para que passem um só dia sem desesperar-se. Se eu não cresse na doutrina da perseverança dos santos, eu seria o mais miserável dos homens, porque sentiria a falta de um fundamento de conforto. (...) Eu creio que o mais feliz e verdadeiro dos cristãos é aquele que nunca se atreve de duvidar de Deus, que toma a sua Palavra simplesmente como está e crê, e não faz questionamento algum, estando certo de que se Deus prometeu assim Ele fará.
(...) Todos os propósitos dos homens têm sido derrotados, mas não os propósitos de Deus. As promessas dos homens podem ser quebradas, mas não as promessas de Deus. Ele é um fazedor de promessas, mas nunca foi um quebrador de promessas; Ele é um Deus fiel às Suas promessas e cada um do Seu povo provará que é assim. (...) Perdido, indigno e arruinado que sou, contudo Ele me salvará!
Eu sei que há alguns que pensam que é necessário aos seus sistemas teológicos pôr algum limite aos méritos do sangue de Jesus. No entanto, se o meu sistema teológico necessita de tais limites então eu devo jogar ele ao vento. Não posso e não me atrevo a permitir que um pensamento assim ache pousada em minha mente(...) Na obra cumprida de Cristo vejo um oceano de mérito; minha mão não alcança nenhum fundo, meus olhos não vêem nenhuma margem.(...) Tendo uma Pessoa Divina como oferta não é consistente conceber um valor limitado, limites e medidas são termos inaplicáveis ao sacrifício divino.
(...) Eu creio que haverá mais pessoas no Céu do que no inferno. Se alguém me perguntar por que penso assim, responderei: porque Cristo em tudo há de ter o primado, e eu não posso conceber como Ele pode ter o primado se houver mais pessoas nos domínios de Satanás do que no Paraíso. Além do mais, eu nunca li que há de haver uma grande multidão, que ninguém pode contar, no inferno. Regozijo-me em saber que as almas das criancinhas logo após morrer, se apressam em seu caminho ao Céu! Imagine a multidão deles!! Logo, já há no Céu milhares sem número dos espíritos de homens justos aperfeiçoados ! redimidos de todas as nações, linhagens, povos e línguas até esta hora; e há de vir melhores tempos, quando a religião de Cristo for universal; quando Ele reinar de pólo a pólo com império ilimitado.
Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal porque eles dizem: é tão bela, tão formosa, é tão bom saber que Cristo morreu por todos os homens.'' Admito que há algo de belo nesta doutrina, mas a beleza muitas vezes pode ser associada com a falsidade. Vou ensinar o que essa suposição envolve: Se Cristo na cruz teve a intenção de salvar a cada pessoa, sem exceção ! então Ele intentou salvar aqueles que já haviam se perdido antes que Ele morresse. Se esta doutrina é verdadeira ! que Ele morreu por todos os homens, então Ele morreu por alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse ao mundo. Porque sem dúvida havia milhares que haviam sido reprovados por causa de seus pecados. Se foi mesmo a intenção de Cristo salvar todos os homens, como Ele foi deploravelmente frustrado, porque temos Seu próprio testemunho acerca do lago de fogo e neste lago tem sido lançados ! segundo a teoria da redenção ilimitada (ou universal) pessoas que foram compradas pelo seu sangue. Essa é uma concepção mil vezes mais odiosa e repulsiva do que qualquer conseqüência que associam à doutrina cristã e calvinista da expiação limitada ou particular.
Que Cristo ofereceu uma expiação e satisfação pelos pecados de todos os homens, e que depois alguns desses mesmos homens hão de ser castigados pelos pecados que Cristo já havia expiado, parece ser a mais monstruosa de todas as iniqüidades que poderia ser imputada às deidades mais pagãs e diabólicas. Deus não nos permita de pensarmos assim d'Ele.
Não há entre todas as pessoas vivas neste mundo alguém que se detém mais às doutrinas da graça do que eu, confesso também que desejo ser chamado apenas cristão e que quanto ao fato de ser chamado calvinista, declaro que sustento todas as principais doutrinas defendidas por João Calvino e me regozijo de confessá-las. Entretanto longe de mim imaginar que Sião não tem mais do que cristãos calvinistas dentro de suas paredes, e que não há ninguém salvo que não exponha ou sustente nossos pontos de vista. Eu creio que muitos homens que não podem ver estar verdades ou pelo menos não as podem ver da maneira que nós as apresentamos, mas que tem recebido a Cristo como seu Salvador, são tão amados de Deus quanto qualquer calvinista dentro ou fora do céu. Por exemplo, temos John Wesley, o "'Príncipe dos arminianos". Ele viveu muito acima do nível ordinário dos "cristãos comuns", e era um "dos quais o mundo não era digno".
Que o Senhor predestina e todavia o homem é responsável são dois fatos que poucos podem ver claramente. São tidos por inconsistentes e contraditórios; no entanto, essas são duas verdades que se convergem e se encontrarão em alguma parte na eternidade, junto ao trono de Deus de onde procede toda a verdade.
Freqüentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência a levar-nos ao pecado. Não sei quem tem a audácia e o atrevimento de fazer tal afirmação tendo em vista o fato de que os mais santos homens que já existiram criam nelas. Quem se atreve a dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa o que ele pensa do caráter de Agostinho, Whitefield, Calvino os quais foram os grandes expositores destas verdades; o que dirá dos puritanos? Se um homem houvesse sido um arminiano nesta época Ele teria sido reputado como o pior dos hereges, mas agora nós somos vistos como hereges e eles como ortodoxos. Nós temos regressado à antiga escola, podemos trazer nossa descendência até os apóstolos (...) podemos correr uma linha de ouro até Jesus Cristo passando por uma lista de poderosos pais, os quais todos sustentavam estas gloriosas verdades. Pergunto: ''Onde acharemos homens melhores e mais santos?'' (...) Nada faz um homem mais virtuoso do que uma fé na verdade. Uma doutrina mentirosa levará a uma prática mentirosa. Ninguém pode ter uma fé errônea sem daqui a pouco ter uma vida errônea também; eu creio que uma coisa naturalmente leva à outra. De todos os homens, aqueles que têm uma piedade desinteressada, uma reverência mais sublime, uma devoção mui ardente, são os que crêem que são salvos pela graça, sem as obras, mediante a fé, e que isso não vem deles mesmos, mas é dom de Deus.

Texto traduzido, adaptado e resumido por Marcos Siqueira.

Autor: Pr Charles Haddon Spurgeon
Extraído de: Spurgeon´s Sermons Fonte: www.PalavraPrudente.com.br 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Deus Escolhe os Seus!



Pois ele [Deus] diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. " Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.( Rm 9.15,16)

O verbo eleger significa "selecionar ou escolher". A  doutrina bíblica da eleição consiste em que, antes da Criação, Deus selecionou da raça humana, antevista como decaída, aqueles a quem Ele redimiria, traria à fé, justificaria e glorificaria em Jesus Cristo e por meio dele (Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.9,10). Esta escolha divina é uma expressão da graça livre e soberana, porque ela é não constrangida e incondicional, não merecida por qualquer coisa naqueles que são seus objetos. Deus não deve aos pecadores nenhuma misericórdia de qualquer espécie, mas somente condenação; por isso, é surpreendente, e razão de sempiterno louvor, que Ele tenha decidido salvar alguns de nós; e louvor duplicado porque sua escolha incluiu o envio de seu próprio Filho para sofrer, como portador do pecado, pelos seus eleitos (Rm8.32).

A doutrina da eleição, como toda verdade acerca de Deus, envolve mistério e, algumas vezes, incita à controvérsia. Mas na Escritura é uma doutrina pastoral, incluída ali para ajudar os cristãos a verem quão grande é a graça que os salva, conduzindo-os à humildade, confiança, alegria, louvor, fidelidade e santidade como resposta. É o segredo de família dos filhos de Deus. Não sabemos quem mais Ele escolheu entre aqueles que ainda não crêem, nem tampouco a razão por que nos escolheu em particular.

O que de fato sabemos é que, primeiro, se não tivéssemos sido escolhidos para a vida, não seríamos crentes agora (pois somente o eleito é trazido à fé), e, em segundo lugar, como crentes eleitos podemos confiar que Deus completará em nós a boa obra que Ele começou (1 Co 1.8,9; Fp E6; 1 Ts 5.23,24; 2 Tm 1.12; 4.18). Assim, o conhecimento da eleição por parte de uma pessoa traz conforto e alegria.

Pedro nos diz que devemos "confirmar a [nossa] vocação e eleição" (2 Pe 1.10) — isto é, certificá-la. A eleição é conhecida por seus frutos. Paulo sabia da eleição dos tessalonicenses por sua fé, esperança e amor, a transformação interna e externa que o evangelho tinha operado em sua vida (1 Ts 1.3-6). Quanto mais as qualidades para as quais Pedro exortou seus leitores aparecerem em nossa vida (virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor: 2 Pe 1.5-7), mais seguros estaremos da própria eleição que nos foi concedida.

Os eleitos são, de um ponto de vista, a dádiva de Deus ao Filho (Jo 6.39; 10.29; 17.2,24). Jesus testifica que veio a este mundo especificamente para salvá-los (Jo 6.37-40; 10.14-16,26-29; 15.16; 17.6-26; Ef 5.25-27), e qualquer relato de sua missão deve enfatizar isto.

Reprovação é o nome dado à eterna decisão de Deus a respeito dos pecadores que Ele não escolheu para a vida. Sua decisão é, em essência, não para mudá-los, como os eleitos são destinados a ser mudados, mas deixá-los ao pecado, como em seus corações eles já desejam fazer, e finalmente para julgá-los como merecem pelo que têm feito. Quando em casos particulares Deus os entrega a seus pecados (isto é, remove as restrições à prática de coisas desobedientes que desejam fazer), isto já é o começo do julgamento. Ele se chama "endurecimento" (Rm 9.18; 11.25; cf. SI 81.12; Rm 1.24,26,28), que leva inevitavelmente culpa maior.

A reprovação é uma realidade bíblica (Rm 9.14-24; 1 Pe 2.8), mas não a que se relaciona diretamente com a conduta cristã. Até onde os cristãos saibam, os reprovados não têm face, não nos cabendo tentar identificá-los. Devemos, antes, viver à luz da certeza de que qualquer um pode ser salvo, se ele ou ela arrepender-se e colocar sua fé em Cristo.

Devemos ver todas as pessoas que encontramos como possivelmente incluídas entre os eleitos.

fonte: Josemar Bessa.com

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Façamos a diferença!

Vivemos em mundo que a cada dia torna-se mais capitalista (você é o que você tem). Um mundo que cegamente fala em avanço, mas pessoas passam fome, um mundo que simplesmente não respeita o ser humano. Um baile de máscaras, onde (como disse o pastor Alexandre Ximenes) ninguém é o que parece e quando parece não o é. As autoridades não são autoridades, apenas impõem uma autoridade que elas mesmas não respeitam. A vida é retirada com banalidade todos os dias. E assim a cada dia que passa as pessoas vão se moldando a esse sistema frio, pálido e sem vida, onde cada um massageia seu ego sem se importar com o sofrimento alheio.
Por que a vida tem sentido? Deus nos criou pra sofrer?
Deus nosso soberano criador nos fez à sua imagem e semelhança, nos deu a terra e tudo o que nela há, nos fez reinar sobre os animais e nos diferenciou deles dando-nos sentimentos como os seus próprios. Deu-nos também limites para o nosso próprio bem. A cada dia se relacionava conosco. Nós tínhamos tudo mas preferimos trocar pela desobediência. Morremos espiritualmente e como consequência do nosso pecado alcançamos o sofrimento de estar separados do Pai.
Apesar do nosso erro Deus nos prometeu uma saída. Após séculos nos escrevendo, chegou o tempo. Deus enviou seu Unigênito! O Senhor Jesus esvaziou-se de sua glória e habitou entre nós e vimos a sua glória como a glória do Unigênito do Pai cheio de graça e verdade. Fez-se maldição por malditos e miserável por miseráveis morreu por pecadores e assim satisfez a justiça de Deus. Ele não nos oferece resolução de problemas  ou de sofrimentos, pois Ele mesmo disse no mundo terás aflições, mas nos dá salvação eterna e perdão pela nossa natureza caída e promete estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos, nos chama ao arrependimento e a crer. Só pela sua graça encontramos sentido para viver e esperança de um dia viver com ele eternamente sem mais sofrimentos.
Como membros do seu corpo temos um legado: ir pelo mundo pregar o seu evangelho a toda criatura quem crer e for batizado será salvo quem não crer será condenado. Eu lhes pergunto nossas igrejas estão levando as palavras de Jesus genuinamente? É triste dizer mas vemos igrejas comercializando o evangelho, outras só se importam com aparência, outras são as donas da verdade. Precisamos parar pra pensar se não estamos nos tornando parecidos com o sistema frio, pálido e sem vida. Será que algumas igrejas não estão se tornando capitalistas? Será que estão amando o próximo  negando-lhe uma ajuda material? Será que todos são sinceros sem máscaras? Será que nossas autoridades estão debaixo da maior Autoridade? Pra que tanta divisão? Tanto ego? Tanto orgulho? Tantas bandeiras levantadas? Onde apenas a bandeira do evangelho restaurador e da graça misericordiosa deveria ser erguida! Pois como disse Paulo:" Quem é Paulo? Quem é Apolo? Se não servos pelos quais viestes a crer. Um planta, o outro rega, mas quem dá o crescimento é Deus". Se o apóstolo Paulo disse isso o que diremos  nós.
Oremos ao Senhor pra que Ele nos dê sabedoria e moderação, para obedecer a sua palavra genuinamente e viver em comunhão uns com os outros, para a glória do Seu nome." Nisso saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros." Que a cada dia  sejamos a luz do mundo e o sal da terra, que o mundo veja em nós a paz de Cristo, que possamos ser refúgio em tempos de guerra.