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sábado, 23 de julho de 2011

CALVINISMO-parte 3

          Os cinco pontos do Arminianismo e do Calvinismo


    Qual foi a síntese da declaração de fé arminiana, e qual foi a síntese da doutrina reformada que ficou conhecida como os cinco pontos do calvinismo? Em outras palavras, quais foram as doutrinas reformadas que os arminianos queriam alterar, mas que foram confirmadas no Sínodo de Dort?


1- Uma das doutrinas fundamentais questionadas foi a doutrina da queda. Mais especificamente a natureza da corrupção que a queda produziu no coração do homem. Até onde o pecado corrompeu a vontade humana no que diz respeito a salvação? O arminianismo defende o livre-arbítrio. Segundo eles, o homem em seu estado natural tem, em si próprio, a capacidade para responder negativamente ou positivamente ao evangelho. A queda não o deixou totalmente incapacitado para escolher no que diz respeito às questões espirituais. Mesmo em estado de pecado, sem uma operação prévia do Espírito Santo, ele pode cooperar com fé e arrependimento próprios. A corrupção espiritual produzida pela queda, portanto, para os arminianos, foi apenas parcial.


    O calvinismo sustenta o oposto. Sustenta que, depois da queda, o homem não tem mais livre-arbítrio. Ele continua responsável, pois o estado de pecado em que se encontra foi decorrente da sua livre decisão no Éden. Contudo, agora, em estado de pecado, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado que o cegou, impedindo-o de discernir e, consequentemente, de decidir positivamente, por si próprio, em questões espirituais vitais para a salvação. Sustenta, ainda, que a corrupção espiritual produzida pela queda foi de tal ordem, que o homem tornou-se morto nos seus pecados e delitos. Consequentemente, para o calvinista, o homem não precisa apenas de justificação, mas também de vivificação. Ele precisa ser primeiramente regenerado pelo Espírito Santo de Deus para que então, e somente então, ele possa ser convencido do pecado, se arrependa e seja iluminado para crer no evangelho da salvação. Para os calvinistas, a queda foi realmente uma queda, e não um tropeço ou um escorregão sem maiores consequências.


2- Outra doutrina rejeitada pelos arminianos foi a doutrina da eleição. O arminianismo crê na eleição condicional; na eleição baseada na presciência de Deus. Ele crê que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles a quem anteviu que se arrependeriam e creriam no evangelho. Trata-se, portanto, de uma eleição condicional - a condição é o arrependimento e a fé. Ou seja, Deus elege aqueles a quem previu que o elegeriam.


    O calvinismo, por sua vez , crê na eleição incondicional. Crê que a escolha de alguns homens para a santidade e para a vida não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento, mas unicamente no amor de Deus como expressão da sua livre e soberana vontade. Para os calvinistas, a fé e o arrependimento não são condições para a eleição, e sim seu resultado, o meio que Deus escolhe para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque antevê arrependimento e fé. Ele comunica arrependimento e fé porque elegeu.


3- Outro item da representação arminiana dizia respeito à doutrina da expiação. As escrituras afirmam que Cristo nos resgatou do pecado morrendo na cruz em nosso lugar, o justo pelo injusto. Pois bem, por quem Cristo morreu? O arminiano crê na expiação geral, na redenção universal, ou seja, que Cristo morreu na cruz por todos os  seres humanos indistintamente. Ele crê que a expiação de Cristo não foi individual, mas sim potencial. Cristo não morreu na cruz em substituição a cada um dos  eleitos individualmente, e sim de modo geral, por toda a raça humana, permitindo, assim, que Deus perdoasse os pecados daqueles que viessem a crer nele. Desse modo, a doutrina arminiana da expiação apenas tornou possível a salvação de todos, mas não assegurou a salvação de ninguém.
potencialmente
    Já o calvinismo crê na expiação limitada de Cristo. Isto não quer dizer que a expiação de Cristo não seja suficiente para a salvação do mundo inteiro. Quer dizer, sim, que ela foi eficiente apenas para a salvação dos eleitos, pois esse foi o seu propósito. Cristo morreu na cruz não apenas potencialmente, mas em substituição verdadeira e individual aos eleitos. O calvinismo não entende que Cristo veio ao mundo apenas para possibilitar a redenção (de todos), mas para efetivamente redimir (os eleitos) através da sua morte vicária e expiatória na cruz. A expiação não é potencial e geral. É real e pessoal.


4- O item seguinte da representação arminiana estava relacionado à doutrina da graça, à natureza da graça de Deus em alcançar os pecadores, à eficácia do chamado de Deus, à soberania do Espírito Santo na aplicação da obra da redenção. O arminianismo acredita na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça  de Deus o alcance, ou que pode resistir a ela. Ele acredita que a aplicação da redenção ao coração dos pecadores não é obra soberana do Espírito Santo, mas depende da vontade livre do homem, a qual pode submeter-se ou resistir à graça de Deus. Os redimidos não são aqueles a quem Deus eficazmente chamou, mas aqueles que decidiram aceitar o apelo geral e indistinto do Espírito.


    Os calvinistas crêem na graça irresistível, na soberania de Deus em aplicar a redenção ao coração dos eleitos, no chamado eficaz  de Deus para a salvação. Os calvinistas sustentam que o que faz alguns submeterem-se  e outros rejeitarem a vontade de Deus é, em última instância, a graça irresistível de Deus em chamar eficazmente os seus eleitos para a salvação. Eles sustentam também que a ação de Deus no coração dos seus eleitos não poderá ser finalmente resistida. Isso não significa que os pecadores serão convertidos à força, mas que suas vontades serão eficazmente convencidas; eles serão levados ao arrependimento e crerão no evangelho, de modo que acabarão respondendo positivamente ao chamado do Espírito Santo. Os calvinistas crêem que a ação do Espírito Santo no coração dos eleitos é invencível, que a graça de Deus para com eles é irresistível, e que os propósitos de Deus na eleição e a obra de Cristo na expiação serão efetivamente aplicados neles pelo Espírito Santo. Em outras palavras, os calvinistas crêem que a quem Deus elegeu, a estes também chamou, e a estes também justificou. Portanto, não existe um eleito que não seja chamado, e não há quem tenha sido chamado, que não venha a ser justificado.


5- O quinto e último ponto da doutrina calvinista atacado pelos arminianos estava relacionado à doutrina da salvação. Melhor, à perseverança na salvação: a durabilidade, certeza, consumação ou eternidade da salvação. Os arminianos crêem na instabilidade da salvação, isto é, que ela pode durar ou não, dependendo da própria determinação humana. Essa idéia é coerente com as demais doutrinas arminianas. Se a salvação depende do livre-arbítrio, é de se esperar que a glorificação também dependa da determinação da vontade humana. Consequentemente, eles crêem que o salvo pode decair da graça, pode efetiva e definitivamente apartar-se da graça  de Deus se não permanecer na fé. Em outras palavras, para os arminianos é possível ser salvo hoje e perder a salvação amanhã. Eles crêem na não regeneração e na "desregeneração".


    Os calvinistas ensinam o oposto: a perseverança dos santos. Desse modo, ensinam que a mesma graça de Deus que os salvou agirá eficazmente nas suas vidas, de modo que não poderão cair total e finalmente da graça de Deus. O calvinista professa que a justificação, a regeneração e a adoção são obras irreversíveis; que já não pode mais haver condenação para os que estão em Cristo Jesus. Ele crê que, havendo Deus começado essa boa obra, ele certamente haverá de completá-la. por essa razão, portanto, não há justificado que não virá a ser glorificado. Isso não quer dizer, de modo algum, que o salvo não mais cometa pecado, mas que Deus, sendo fiel, não permitirá que os seus eleitos sejam tentados além das suas forças e que lhes concederá o auxílio necessário a fim de que possam resistir às tentações, e não venham jamais a se apartar completa e definitivamente da sua graça.


                    Diferença de ênfase ou de conteúdo?




                                                                                                         continua...




Fonte:calvinismo, as antigas doutrinas da graça. Paulo Anglada



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